RODA DE CONVERSA COM RICARDO SPARAPAN PENA: SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA E A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Reunião realizada no dia
05/04/2013 ás 14:00 na Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos. Foi iniciada com os
seguintes informes e discussões: 1) possibilidade de realização do próximo
encontro do Fórum, como parte das atividades e discussões, na semana da Luta
Antimanicomial; 2) os municípios de Ourinhos, Salto Grande, Santa Cruz do Rio
Pardo estão planejando uma atividade regional para semana da Luta: bingo e/ou
gincana; 3) Representante do CRP de Assis informou que não houve reunião
promovida por este Conselho para planejar ações da semana da Luta
Antimanicomial, a próxima reunião será dia 15/04/2013 às 14:30 na sede do CRP
Assis; 4) trabalhadores do CAPS de Ourinhos, como também, trabalhadores dos
CRAS de Ourinhos manifestaram que verificarão possibilidade de participar da
reunião promovida pelo CRP.
Em seguida, os membros do
Fórum se apresentaram, registramos a presença dos municípios: Ourinhos,
Adamantina, Bernardino dos Campos, Palmital, Candido Mota, Chavantes, Santa
Cruz do Rio Pardo e Marília. Na sequencia, o convidado Ricardo Sparapan Pena
também se apresentou e iniciou a discussão a respeito da Saúde Mental na
Atenção Básica. Apresentaremos em tópicos os principais pontos da discussão:
- o SUS alinhado à
perspectiva da Saúde Coletiva prevê a Saúde Mental também desenvolvida na
Atenção Básica;
- para atuação
profissional que afirme o SUS é necessário a revisão e reflexão do discurso e
práticas votadas para a eliminação de sintomas de doenças;
- produção de saúde diz
respeito a práticas profissionais que afirmem a vida, não apenas eliminem ou
busquem sintomas;
- para a prática da saúde
mental que vá além da eliminação de sintomas é necessário superar a concepção
dicotômica de indivíduo: corpo versus
mente.
- a saúde mental não é
composta somente por profissionais especializados, pois a pessoa em si não é
segmentada (corpo-mente), o paciente é um indivíduo em sua totalidade, assim,
merece atenção também em sua totalidade;
- a saúde mental necessita
de atuação em equipe, de articulação entre os trabalhos, serviços, como também
entre as políticas públicas;
- é necessário o trabalho
em rede e compartilhamento de saberes, nesta perspectiva a saúde mental faz-se
também na atenção básica;
- os encaminhamentos
realizados pelos profissionais entre os serviços e políticas públicas devem
produzir uma rede de atendimento e cuidado;
- trabalhar na perspectiva
de rede envolve, inclusive, o Matriciamento, o apoio técnico oferecido para os
demais serviços que compõe a rede de cuidado.
- na concepção do
Matriciamento é que se pode pensar o acolhimento e atendimento dos sujeitos na
atenção básica.
- defesa da saúde além da
ausência de sintomas, como a capacidade de produzir novas normas à própria
vida;
- a concepção de saúde não
pode ser permeada por juízos de valores ou idealizada;
- a atenção básica amplia
a possibilidade de acolhimento e cuidado;
- há um estigma e
preconceito com o sujeito com doenças psiquiátricas ou em estado de sofrimento
mental;
- tal estigma/preconceito
dificulta o acolhimento dos sujeitos nos vários serviços, como também na
atenção básica da saúde;
- a saúde mental é parte
do SUS e da Saúde Coletiva, não é uma especialidade fechada e de
responsabilidade de profissionais específicos;
- quando não ha composição
de rede de cuidado e produção de saúde mental, ocorre a judicialização dos
indivíduos com doenças ou em sofrimento mental;
- os psicólogos, em geral,
reproduzem a prática clínica individual na atuação no SUS, ou seja, não atuam
em concordância com os princípios do SUS ou da saúde pública;
- a identidade
profissional, muitas vezes, é permeada por concepções individualistas de
prática;
- na atuação profissional
que afirme o SUS, a saúde pública, é necessário tecer relações com os demais
profissionais, demais políticas públicas e, inclusive, em contato permanente
com os usuários para a construção da rede de atenção e cuidado;
- ao tecer a rede e para
consolidação dela, faz-se necessário que os profissionais assumam as
responsabilidades com os serviços prestados e políticas públicas envolvidas;
- a rede entre os serviços
e políticas públicas é necessária com objetivo de produção de espaços coletivos
para a problematização e acompanhamento dos casos;
- os trabalhadores devem
assumir responsabilidades que afirmem o SUS e a humanização dos serviços;
- as políticas públicas
devem responder às necessidades da população, ou seja, devem ser organizadas e
executadas na lógica do território;
- a atenção básica da
saúde e outros equipamentos de outras políticas públicas estão no território;
- a descentralização da
saúde mental faz-se necessária para ampliar a acolhida dos usuários, como
também para a composição da rede de serviços que atendam aos princípios da
reforma psiquiátrica e cidadania;
- tais princípios são
construídos em relação permanente com os usuários, por meio do controle social,
gestão participativa, e demais modelos que respeitem e levem em conta a opinião
dos usuários.
Depois foi servido um
lanche para todos oferecido pelo Supermercado Pão de Açúcar de Ourinhos.
A próxima reunião do Fórum
ocorrerá no mês de maio de 2013, provavelmente relacionada aos eventos da
Semana da Luta Antimanicomial.
Ourinhos, 05 de abril de 2013.